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O Chelsea levanta a taça da Uefa Champions League pela primeira vez em sua história, em Munique (Foto: Globoesporte.com) |
Ao contrário do resultado de enquete feita aqui no blog nos
últimos dias, o Chelsea bateu o Bayern de Munique e levantou pela primeira vez
em sua história o troféu mais cobiçado da Europa, o da Uefa Champions League.
Em jogo decidido apenas nas penalidades, o clube do
bilionário Roman Abramovich espantou de uma vez o peso de nunca ter vencido a
maior competição do velho continente, em um temporada em que ninguém acreditava
na força do time.
Depois de fraca temporada no Campeonato Inglês, os blues,
após a chegada do técnico interino Roberto di Matteo, conquistam seu segundo
título em menos de um mês (o primeiro foi a Copa da Inglaterra, batendo o
Liverpool).
Desde 1985, quando a Juventus foi a campeã europeia, nenhum
time que conquistou a Champions teve campanha tão fraca no campeonato nacional,
como o Chelsea nesta temporada. Foi realmente um título surpreendente do time
de Drogba e cia.
O jogo
Depois de uma cerimônia de abertura de se fazer inveja a
qualquer um (coitada da Conmebol), a bola rolou no estádio Allianz Arena com a
perspectiva de um jogo de ataque contra defesa, uma vez que a força do time do
Chelsea se baseou nos contra-ataques durante toda a competição.
Logo de início o Bayern impôs sua condição de dono da casa e foi para cima do
time inglês. Pelo menos até a metade da primeira etapa, os alemães encurralaram
os “blues” e perderam boas chances de gol, a melhor delas com o holandês Arjen
Robben.
Com tanta pressão dos alemães, Petr Cech mostrou, com uma grande defesa e boas saídas do gol, porque é considerado
um dos melhores goleiros do mundo. A ineficiência na finalização também
atrapalharam o Bayern para abrir vantagem na decisão.
Aos poucos, o Chelsea foi se soltando e se arriscando mais
nos contra-ataques. Lampard e Juan Mata puxavam o time nos contra-golpes,
enquanto Kalou e Drogba se posicionavam mais à frente esperando pela bola.
O time inglês teve durante toda a primeira etapa somente
duas boas e claras chances de gol. A primeira em promissora cobrança de falta
de Juan Mata, que foi por cima do gol, sem perigo, e a segunda em bela troca de
passes do time até a bola chegar em Kalou, que bateu firme para defesa de
Neuer.
O 0 a 0 no primeiro tempo pareceu pouco para os donos da
casa que criaram ainda mais duas boas chances de inaugurar o placar, mas esbarraram
nos erros de finalização de Frank Ribéry e Mario Gomez.
Depois do intervalo a situação do jogo não mudou.
Praticamente o segundo tempo inteiro foi de pressão atrás de pressão do time da
casa, porém, as chances CLARAS de gol eram raras. A melhor oportunidade foi em gol
do Bayern corretamente anulado pelo bandeirinha, que enxergou posição de
impedimento de Ribéry. Ao contrário do primeiro tempo, o Chelsea nem
contra-atacar conseguia mais e se limitou a se defender.
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Jogadores do Chelsea comemoram em jogo de título inédito (Foto: Globoesporte.com) |
Quando tudo parecia que iria ficar no 0 a 0, Thomaz Müller,
aos 38 minutos, fez de cabeça o que parecia ser o gol do quinto título europeu
do Bayern de Munique. Realmente, só parecia, pois o Chelsea tinha Drogba. Em
cobrança de escanteio, o camisa 11, aos 43, se adiantou a marcação de dois zagueiros,
subiu alto e mandou uma rajada de cabeça para empatar um jogo que parecia
perdido. Mais uma vez a decisão da Liga dos Campeões da Europa ia para a
prorrogação.
Logo aos 5 minutos do primeiro tempo extra, Robben despediçou
a chance de colocar o time alemão novamente na frente. Em cobrança de pênalti,
o holandês cobrou mal e Petr Cech fez a defesa. Depois disso, o Bayern se
abateu e o jogo ficou morno, sem grandes emoções.
Na segunda parte da prorrogação, nenhuma novidade. O jogo
seguiu sem exigir sustos aos goleiros e a decisão do título europeu da
temporada 2011/2012 foi para os pênaltis.
Nas cobranças, Lahm fez o primeiro do time alemão, enquanto via Neuer defender
a batida de Juan Mata. Na segunda série, tanto Mario Gomez, quanto o brasileiro
David Luiz, converteram. Na terceira, o goleiro Neuer bateu e fez para o time
vermelho, enquanto Lampard também anotava para os blues. Foi na quarta cobrança
do Bayern que a virada inglesa começou. Olic bateu e Cech pegou. Na sequência,
Ashley Cole bateu com firmeza e empatou tudo. Na última cobrança,
Schweinsteiger bateu a penalidade na trave e Drogba, o heroi do jogo, fez o gol
que deu a glória ao Chelsea.
Enquanto o marfinense partia para a bola, imaginei quantos
torcedores do Chelsea relembravam o pênalti que John Terry perdeu na final da
temporada 2007/2008, quando o capitão inglês teve a cobrança do título em seus
pés e escorregou na hora da batida. Na sequência, o Manchester United,
adversário dos blues na final daquele ano, conquistou o título.
Sorte que desta vez a bola entrou, para o delírio da torcida
inglesa no Allianz Arena e em todo o mundo.
E o que o título do Chelsea na UCL
significa?
1- Ao contrário do que a teoria possa apresentar, o Chelsea
não é o melhor time da Europa. Longe disso. É até mesmo pior que o próprio
Bayern e que o próprio Barça, times que os blues bateram na tragetória ao
título. Dentre os quatro semifinalistas, era dado por todos como o mais fraco e
menos provável campeão, quando o mundo inteiro apontava uma “final dos sonhos”
entre Real Madrid e Barcelona.
2- Com mais este título, o Chelsea mostrou ao mundo como
realmente o futebol não é feito de justiça e nem no papel. Com elenco limitado,
se comparado aos outros gigantes da Europa, foi campeão jogando um futebol
retranqueiro e brigado. Foi mais na raça do que na técnica. Di Matteo fez
milagre com este time. Além de bater o forte Bayern na decisão, eliminou o melhor time do
mundo, o Barcelona, na semi.
3- Comparações de força de time, estilo de jogo e táticas à
parte, assim como o time inglês, que nunca havia sido campeão continental, o
Corinthians pode se espelhar nos blues para ganhar o tão sonhado título da
Libertadores. Jogando, aqui na América do Sul, até melhor do que o Chelsea joga
na Europa, o timão pode selar 2012 como o ano da reviravolta e fazer com que na
Libertadores haja também um campeão inédito, assim como vimos hoje no Allianz Arena.
4- Quem acha que o campeão sul americano este ano terá
missão fácil no Mundial de Clubes, em dezembro, se engana. Seja Boca,
Corinthians, Fluminense, Libertad, Santos, Universidad de Chile, Vasco ou Vélez
o campeão da Libertadores, o Chelsea será time o suficiente para bater qualquer
um desses clubes. A missão pode ser considerada menos complicada se pensarmos
que poderia ser o Real Madrid ou novamente o Barcelona o representante europeu. Mas, com Drogba, Ramires e Lampard em campo, não dá para prever facilidade
nenhuma para os sul americanos no Mundial.