terça-feira, 24 de abril de 2012

Equilíbrio inicial da temporada 2012 relembra "época de ouro da F-1"

Por muitos anos, nos acostumamos a acordar aos domingos de manhã e deparar com o domínio da Ferrari de Michael Schumacher, heptacampeão mundial de Fórmula 1. Depois de gloriosos e históricos finais de semana com nosso Ayrton Senna e outros grandes pilotos dos anos 80 e 90, a Fórmula 1 perdia sua graça e passava a ter apenas um dono, um campeão, um nome, uma equipe.

Enfim, depois dos tempos de supremacia da escuderia vermelha e do piloto alemão, novas caras começaram a surgir e pintar uma nova Fórmula 1. É verdade também que, mesmo antes da "era Schumacher" e depois, mais do que nunca, o dinheiro de investidores poderosíssimos passou a controlar e dominar a categoria. Mais do que ter um bom piloto, passou a dominar aquela equipe que tivesse o melhor CARRO. Ou seja, a mão-de-obra principal da modalidade perdia grandiosamente o seu valor. Virou o que chamaríamos de "F-1 do marketing". Os pilotos, mais do que atletas e condutores de um carro, viraram celebridades, estrelas, a última bolacha do pacote; de espetáculo esportivo, a F-1 passou a ser mais um produto a ser vendido e controlado.

Sem nenhum nome brasileiro de peso (Felipe Massa bem que tentou, mas não conseguiu conquistar um título sequer em 9 temporadas como piloto, 6 pela Ferrari), nomes estrangeiros como de Fernando Alonso, Kimi Raikkonen, Lewis Hamilton, Jenson Button e Sebastian Vettel figuraram na lista dos campeões mundias dessa "nova era". Porém, se analisarmos, principalmente nos títulos de Button e Vettel, o domínio desses pilotos ou de suas equipes durante toda a temporada vitoriosa foi supremo.

Ao contrário destes últimos anos, como não acontecia há 29 anos, a Fórmula tem em 2012 um início de temporada fantasticamente equilibrado. Em quatro corridas, tivemos não apenas quatro vencedores diferentes, mas quatro vencedores de quatro EQUIPES diferentes, o que não acontecia desde 1983. Naquela ocasião venceram Nelson Piquet (Brabham), John Watson (McLaren), Alain Prost (Renault) e Patrick Tambay (Ferrari) nos circuitos de Jacarepaguá, Long Beach, Paul Ricard e Ímola, respectivamente. Porém, houve ainda na quinta prova, em Mônaco, um quinto vencedor de equipe diferente: Keke Rosberg (Williams). Será que alguém repetirá o feito em 2012?

Nesta atual temporada, os pilotos Jenson Button (McLaren), Fernando Alonso (Ferrari), Nico Rosberg (Mercedes) e Sebastian Vettel (Red Bull) venceram, respectivamente, as provas de Melbourne, Sepang, Xangai e Sakhir. A maior chance de se igualar a marca de 83 é com o carro da equipe Lotus, o melhor entre os que ainda não venceram, que colocou seus dois pilotos no pódio na última corrida, no Bahrein, Kimi Raikkonen e Romain Grosjean. Para nós brasileiros, sonhar com uma vitória inédita e histórica de Bruno Senna em Barcelona (próxima etapa do Mundial) não custaria nada, né?

Numa Fórmula 1 totalmente diferente daquela que podemos chamar de "época de ouro da F-1", é empolgante poder acompanhar novamente um circuito bem disputado, imprevisível e emocionante. Claro que de todas essas equipes vitoriosas neste começo de temporada há aquelas com mais favoritismo ao título, casos de McLaren e Red Bull. Mas o bacana mesmo é ver renascer a emoção nas pistas, relembrar os tempos de rivalidade entre Mansell e Piquet, Senna e Prost, Schumacher e Damon Hill, entre outros grandes duelos históricos. Que não seja apenas mais um caso isolado e a Fórmula 1 possa realmente voltar a ter o brilho de antigamente.

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