Por muitos anos, nos acostumamos a acordar aos domingos de
manhã e deparar com o domínio da Ferrari de Michael Schumacher, heptacampeão
mundial de Fórmula 1. Depois de gloriosos e históricos finais de semana com
nosso Ayrton Senna e outros grandes pilotos dos anos 80 e 90, a Fórmula 1 perdia sua
graça e passava a ter apenas um dono, um campeão, um nome, uma equipe.
Enfim, depois dos tempos de supremacia da escuderia vermelha
e do piloto alemão, novas caras começaram a surgir e pintar uma nova Fórmula 1.
É verdade também que, mesmo antes da "era Schumacher" e depois, mais
do que nunca, o dinheiro de investidores poderosíssimos passou a controlar e
dominar a categoria. Mais do que ter um bom piloto, passou a dominar aquela
equipe que tivesse o melhor CARRO. Ou seja, a mão-de-obra principal da
modalidade perdia grandiosamente o seu valor. Virou o que chamaríamos de "F-1
do marketing". Os pilotos, mais do que atletas e condutores de um carro,
viraram celebridades, estrelas, a última bolacha do pacote; de espetáculo
esportivo, a F-1 passou a ser mais um produto a ser vendido e controlado.
Sem nenhum nome brasileiro de peso (Felipe Massa bem que
tentou, mas não conseguiu conquistar um título sequer em 9 temporadas como
piloto, 6 pela Ferrari), nomes estrangeiros como de Fernando Alonso, Kimi
Raikkonen, Lewis Hamilton, Jenson Button e Sebastian Vettel figuraram na lista
dos campeões mundias dessa "nova era". Porém, se analisarmos,
principalmente nos títulos de Button e Vettel, o domínio desses pilotos ou de
suas equipes durante toda a temporada vitoriosa foi supremo.
Ao contrário destes últimos anos, como não acontecia há 29
anos, a Fórmula tem em 2012 um início de temporada fantasticamente equilibrado.
Em quatro corridas, tivemos não apenas quatro vencedores diferentes, mas quatro
vencedores de quatro EQUIPES diferentes, o que não acontecia desde 1983.
Naquela ocasião venceram Nelson Piquet (Brabham), John Watson (McLaren), Alain
Prost (Renault) e Patrick Tambay (Ferrari) nos circuitos de Jacarepaguá, Long
Beach, Paul Ricard e Ímola, respectivamente. Porém, houve ainda na quinta
prova, em Mônaco, um quinto vencedor de equipe diferente: Keke Rosberg
(Williams). Será que alguém repetirá o feito em 2012?
Nesta atual temporada, os pilotos Jenson Button (McLaren),
Fernando Alonso (Ferrari), Nico Rosberg (Mercedes) e Sebastian Vettel (Red
Bull) venceram, respectivamente, as provas de Melbourne, Sepang, Xangai e
Sakhir. A maior chance de se igualar a marca de 83 é com o carro da equipe
Lotus, o melhor entre os que ainda não venceram, que colocou seus dois pilotos
no pódio na última corrida, no Bahrein, Kimi Raikkonen e Romain Grosjean. Para
nós brasileiros, sonhar com uma vitória inédita e histórica de Bruno Senna em
Barcelona (próxima etapa do Mundial) não custaria nada, né?
Numa Fórmula 1 totalmente diferente daquela que podemos
chamar de "época de ouro da F-1", é empolgante poder acompanhar
novamente um circuito bem disputado, imprevisível e emocionante. Claro que de
todas essas equipes vitoriosas neste começo de temporada há aquelas com mais
favoritismo ao título, casos de McLaren e Red Bull. Mas o bacana mesmo é ver
renascer a emoção nas pistas, relembrar os tempos de rivalidade entre Mansell e
Piquet, Senna e Prost, Schumacher e Damon Hill, entre outros grandes duelos
históricos. Que não seja apenas mais um caso isolado e a Fórmula 1 possa
realmente voltar a ter o brilho de antigamente.
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