quarta-feira, 8 de julho de 2015

Feliz 7 a 1: um ano de coma do futebol brasileiro

Um ano do capítulo mais triste da história do futebol brasileiro. Capaz de deixar as almas dos personagens de 1950 dormirem em paz.

Ao fim do dia 8 de julho de 2014, a catástrofe do Mineirão trazia a esperança de despertar um gigante em coma, não mais adormecido. Jornalistas, especialistas, torcedores e até quem nunca entendeu de bola trouxeram de bate-pronto os diagnósticos da doença. Descobriram que, na verdade, não se tratava de apenas um tumor, mas uma metástase que vinha matando nosso futebol de forma arrasadora.

Receitaram os remédios, um a um, desde os mais simples até os mais agressivos tratamentos. Com direito, ainda, a soluções bem detalhadas e espelhadas em modelos de sucesso atuais.

Mas depende do paciente querer ser curado. Quem comanda nosso futebol esqueceu que antibiótico se toma todos os dias, com hora e medida certa.

Exatos 365 dias depois os mesmos erros continuam sendo cometidos. Nada foi feito. Nada mudou. Vide a Copa América, eliminados novamente pelo Paraguai nos pênaltis. Sem brilho, sem padrão, dependentes de apenas uma estrela solitária. Estrela que novamente deixou de brilhar no meio do caminho, ofuscada pela instabilidade emocional de um grupo mal comandado.

Fora de campo é um 7 a 1 atrás do outro. Escândalos, prisões, más administrações, clubes quebrados.

Não há remédio que cure tantos problemas assim de uma vez. É preciso tempo para trabalhar, para plantar e colher os resultados. Mas, antes, é preciso começar a trabalhar. E o torcedor brasileiro está há exatos 365 dias esperando, com uma pá na mão, que o mutirão comece.

Lembro-me do tempo em que se reclamava por não convocarem Romário, Djalminha, Alex. Já houve o dia em que deixaram o Falcão fora de uma Copa do Mundo. Remédio era o que não faltava. Sobrava.

Hoje a mão-de-obra está escassa. A doença é muito mais séria e profunda. Haja remédio para curar o futebol brasileiro. A dúvida que fica é: quanto tempo vai durar esse coma?